quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Ser professora é como ser uma mãe com centenas de filhos!

Quando deixei meu emprego, na maior empresa de comunicação do país, alguns me chamaram de louca e outros tantos de aventureira. Era inimaginável para eles que eu pudesse trocar aquela ação profissional promissora, que poderia até ser lucrativa, por uma outra ação, muitas vezes, malremunerada por ser pouco valorizada. Recordo-me do dia que pedi demissão, dizendo para meu chefe a seguinte frase: "quero trabalhar entre pessoas que tenham vida interior, com as quais eu possa trocar, além de informações frívolas, afetos profundos". Ele deu um sorriso irônico, seguido de um leve afago em meu ombro, e me disse que se eu encontrasse isso, vida interior em algum ambiente de trabalho, era para voltar para buscá-lo, porque se eu provasse para ele que isso existe, ele viria trabalhar comigo.
Comecei a minha árdua caminhada, em busca de minha nova conquista, e nessa trajetória não foram poucos os obstáculos e muitos os tropeços no percurso. Sofri muito para me adaptar ao novo contexto e, sobretudo, para angariar conhecimentos que me permitissem um exercício consistente e relevante para apresentar aos jovens com os quais estava começando a trabalhar. E hoje, dia 1 de agosto de 2007, lamentei muito que meu antigo chefe, por quem sempre nutri uma grande admiração, já não esteja mais entre nós, para que eu pudesse lhe mostrar a homenagem que recebi dos meus alunos, em pleno Teatro João Caetano, aqui no Rio. Vou transcrever agora a homenagem que eles me fizeram, pois tenho a esperança que ele, esteja onde estiver, possa enfim ter a prova de que há alguns lugares onde se pode encontrar alguma vida intrerior. "Ariadne, Você, que não é a 'rainha das quentinhas', foi, contudo, a pessoa que durante todos esses anos aqueceu nossos cérebros, com inúmeros conceitos lingüísticos e literários. No início de nossos estudos, na faculdade, todas as aulas eram un verdadeiro ensaio sobre a cegueira, pois não tínhamos muitas idéias sobre o que viria pela frente. Pareciam cem anos de solidão, até o dia que você alegrou nossas vidas secas com o mundo dos livros. Quando chegavam os dias de provas, era um verdadeiro crime e castigo, mas na verdade era apenas o nosso velho preconceito lingüístico em ação. Agora, que tudo passou, e o código da vinci foi quebrado, pois tornamo-nos amantes das palavras. Após esta formatura, vamos iniciar o primeiro ano do resto de nossas vidas, sabendo que vai chegar a hora da estrela brilhar. Até porque, estamos terminando o curso de comunicação social, no mês de agosto, que é tão importante e histórico para o nosso país. Tanto é assim, que, até hoje, não sabemos quem foi o homem que matou Getúlio Vargas, não é verdade? Mesmo sabendo que Nietzsche chorou, optamos em fazer comunicação social, conscientes de que teríamos uma verdadeira escolha de sofia para definirmos nosso futuro. Todavia, ao encontrarmos uma professora como você, ficamos mais entendidos sobre o segredo da literatura e assim estamos prontos para a arte da guerra, que por causa dessa árdua profissão poderemos travar. Nem o doce veneno do escorpião vai nos afetar, pois, devido às suas aulas, somos exemplos de capitães da areia e nos tornamos pequenos príncipes e princesas. Vamos ser profissionais abusados para enfrentar desafios contra traficantes e degredados, como se fôssemos caçadores de pipas. Prometemos buscar no guia dos curiosos a descoberta do enigma se as mulheres são de vênus e os homens são de marte, mas temos certeza que nunca vamos saber exatamente quem mexeu em nosso queijo. Entretanto, mesmo sentindo-nos estrangeiros, vamos utilizar nosso jeito guarani, para dançarmos a verdadeira valsa negra, que é trabalhar com comunicação social no Brasil. Prometemos que não seremos meros náufragos no mercado de trabalho. Agora, podemos sair de nossas cavernas, pois somos seus pupilos, uma vez que entendemos muito bem os seus ensinamentos. Esperamos que até mesmo olga nos ajude na batalha do dia-a-dia. É... com certeza, você percebeu que para formatar este texto, tivemos de recorrer a muita intertextualidade, nâo é? No entanto, esta é apenas uma pequena homenagem a você, Ariadne, que será sempre nossa professora e mestra e por isso foi aclamada, pela maioria, como nossa paraninfa. Vamos tentar colocar em prática toda a sua filosofia, para mostrar a diferença que há entre os que foram e os que não foram discípulos de Ariadne Jacques. Obrigada por tudo, professora! Emerson Rocha"